Colestiramina

Princípio/forma ativa - Bula - Colestiramina

Colestiramina - Para que serve?

A colestiramina é indicada como terapia complementar à dieta para redução dos níveis séricos elevados de colesterol em pacientes com hipercolesterolemia do tipo IIa de Frederickson ou primária 1 (teor elevado de lipoproteínas de baixa densidade).

A colestiramina pode ser útil para reduzir o colesterol elevado que ocorre em pacientes com hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia combinadas, desde que a hipertrigliceridemia 2,3 não seja o distúrbio mais importante.

Relata-se que a terapia a longo prazo com colestiramina pode provocar um leve aumento (10%) do nível de colesterol-HDL, que pode ser associado com a diminuição da progressão da aterosclerose 4 .

Demonstra-se que o efeito da colestiramina sobre os níveis séricos de colesterol destes pacientes é variável. Portadores de cirrose biliar primária podem apresentar níveis elevados de colesterol como parte da doença.

A colestiramina liga-se a estas substâncias no intestino, interrompendo sua circulação êntero-hepática e diminuindo, consequentemente, seus níveis séricos.

1 CID E78 Distúrbios do metabolismo de lipoproteínas e outras lipidemias.
2 CID E78.0 Hipercolesterolemia pura.
3 CID E78.2 Hiperlipidemia mista.
4 CID I25.1. Doença aterosclerótica do coração.
5 CID L 29 Prurido (associado a obstrução da vesícula biliar K82.0).
6 ICD K52.9 Gastroenterite e colite não-infecciosas, não especificadas.
7 CID K50 Doença de Crohn (enterite regional).
8 CID K51 Colite ulcerativa.
9 CID K59 Outras doenças dos intestinos.
10 ICD K59.1 Diarreia funcional.
11 CID T60.0 Efeito tóxico de inseticidas organofosforados e carbamatos.
12 CID T45.5 Anticoagulantes.

Colestiramina: Contraindicação de uso

Colestiramina é contraindicado parapacientes que apresentam histórico de hipersensibilidade prévia a qualquer um dos seus componentes e para pacientes com obstrução biliar completa, cuja bile não é secretada no intestino.

Colestiramina: Posologia e como usar

Colestiramina (substância ativa) não deve ser tomada na sua forma de pó e sim misturando sempre com água ou outros líquidos antes da ingestão.

Após preparo, a suspensão deve ser mantida em repouso por 1 a 2 minutos para hidratação adequada, em seguida mexer até obter uma suspensão homogênea e ingerir.

Após a ingestão, adicionar mais água ao copo e ingerir, para assegurar a administração completa da dose.

Um vez que colestiramina pode ligar-se a outros medicamentos administrados concomitantemente, os pacientes devem ingerir outros medicamentos em um intervalo tão longo quanto possível ou pelo menos 1 hora antes ou de 4 a 6 horas após a administração de colestiramina para que se evite o impedimento da absorção destes medicamentos.

Posologia para adultos

Comece com 1 envelope (equivalente a 4 g de resina colestiramina anidra) em 60 a 90 mL de líquido pela manhã e à noite. Após uma ou duas semanas, aumente a dose para 8 g de resina colestiramina em 120 a 180 mL de líquido pela manhã e à noite.

Se necessário, aumente a medicação até o máximo de 24 g de resina colestiramina para a máxima redução do colesterol.

Sugere-se que a administração de colestiramina seja feita às refeições, mas este esquema pode ser modificado para evitar a interferência na absorção de outras medicações.

Embora o esquema posológico proposto seja de duas vezes por dia, colestiramina pode ser administrado em 1 a 6 doses ao dia.

Se houver necessidade de aumentar a dose, o aumento deverá ser realizado gradativamente e com monitoração periódica dos níveis de lipídios/lipoproteínas.

Doses acima de 24 g diárias de resina colestiramina podem interferir com a absorção normal de gordura.

O efeito redutor do colesterol proporcionado pela colestiramina sobre o colesterol-total ou o LDL-colesterol aumenta quando o produto é associado a um inibidor do HMG-CoA redutase (por exemplo, pravastatina , sinvastatina , lovastatina ).

Constata-se também maior redução do LDL-colesterol com a combinação de ácido nicotínico e colestiramina.

Há igualmente evidência de que a adição de colestiramina à terapia com o genfibrozila pode reforçar a tentativa de diminuir ainda mais o LDL-colesterol em pacientes com níveis de LDL-colesterol e triglicérides elevados e baixo de HDL-colesterol.

Use de 4 a 8 g de resina colestiramina diariamente.

A dose inicial de colestiramina deve ser de 4 g de colestiramina três vezes por dia, com ajuste posterior da dose, se necessário.

Utilize 16 g de colestiramina por dia, em doses divididas, com ajuste posterior da quantidade, se necessário.

Utilize 4 g de colestiramina três vezes por dia, com ajuste posterior da quantidade, se necessário.

Posologia para crianças

Para minimizar potenciais efeitos colaterais de natureza gastrintestinal, é desejável iniciar toda a terapia em crianças com uma dose diária de colestiramina.

A dose será, então, gradativamente aumentada a cada cinco a sete dias, até o nível desejado para um controle eficaz.

Dose: 0,06 g/Kg duas a quatro vezes por dia.

A dose poderá ser aumentada até o máximo de 0,36 g/Kg/dia.

Dose: 0,06 g/Kg uma ou duas vezes ao dia.

A dose inicial de colestiramina deve ser moderada; 2 a 8 g/dia de colestiramina divididos em três doses estará, provavelmente, dentro de uma faixa de iniciação aceitável nestes pacientes, com as menores doses indicadas para recém-nascidos.

A dose deverá então, ser ajustada às necessidades e à resposta do paciente.

Nota: em todos os pacientes que apresentem diarreia induzida por má absorção de ácidos biliares, deve ser observada uma resposta dentro de 3 dias. caso contrário, deve-se iniciar uma terapia alternativa.

Não se estabeleceram diretrizes precisas de doses; entretanto, recomenda-se 0,06 g/Kg quatro vezes por dia, com ajuste posterior, se necessário.

Utilizar a dose recomendada de 0,06 g/Kg três vezes por dia, com ajuste posterior, se necessário.

A colestiramina não deve ser usado em pacientes com diarreia sanguinolenta ou exudativa.

Para segurança e eficácia desta apresentação, a colestiramina não deve ser administrado por vias não recomendadas.

A administração deve ser somente pela via oral.

Colestiramina - Reações Adversas

A reação adversa mais comum é a constipação .

Os fatores predisponentes para a maioria das queixas quando da utilização de colestiramina como agente redutor de colesterol são doses elevadas e idade avançada (paciente acima de 60 anos).

A constipação normalmente é leve, transitória e pode ser controlada com terapia convencional.

Alguns pacientes requerem diminuição temporária da dose ou interrupção da terapia.

Desconforto abdominal, flatulência , náuseas, vômitos , diarreia, pirose , anorexia , dispepsia e esteatorreia, tendências a sangramento por hipoprotrombinemia (deficiência da vitamina K), assim como deficiências da vitamina A (relata-se cegueira noturna raramente) e vitamina D , acidose hiperclorêmica em crianças, osteoporose , erupções e irritação da pele, da língua e região perianal. Após comercialização do produto houve relatos (raros) de casos de obstrução intestinal , inclusive duas mortes em pacientes pediátricos.

Observa-se, ocasionalmente, material calcificado nos dutos biliares, inclusive calcificação da vesícula biliar, em pacientes que receberam a resina colestiramina, o que, no entanto, pode ser manifestação de doença hepática, sem vínculo com o uso de colestiramina.

Um paciente apresentou cólica biliar em cada uma das três ocasiões em que tomou colestiramina. Em um paciente, com diagnóstico de quadro abdominal agudo, detectou-se uma “massa pastosa” no cólon transverso quando observado através de raios-x.

Houve outros eventos (não necessariamente relacionados com o medicamento) ocorridos em pacientes que tomavam colestiramina a saber:

Sangramento retal, melena, sangramento hemorroidal, sangramento de úlcera duodenal conhecida, disfagia , soluços, úlcera aguda, sabor ácido, pancreatite , dor retal, diverticulite , eructação.

Anormalidades da função hepática.

Tempo de protrombina diminuído ou aumentado, equimoses e anemia .

Urticária , asma , sibilos e dispneia.

Dores nas costas, mialgias, artralgias e artrite .

Cefaleia , ansiedade , vertigem, tontura , fadiga , zumbidos, síncope , sonolência, nevralgia femoral, parestesia .

Uveíte.

Hematúria, disúria, urina com odor de queimado, diurese.

Alterações de peso (ganho ou perda), aumento da libido, adenopatia, edema , sangramento gengival, cáries dentárias, anemia.

Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária - NOTIVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.

Colestiramina: Interações medicamentosas

A colestiramina pode retardar ou reduzir a absorção de medicação oral concomitante, como fenilbutazona , varfarina , clorotiazida (ácida), tetraciclina , penicilina G, fenobarbital , medicamentos para as doenças da tireoide , preparações de tiroxina e digitálicos.

A descontinuidade de colestiramina poderá ser prejudicial à saúde se um medicamento com potencial tóxico, como um digitálico, por exemplo, tiver sido titulado para níveis de manutenção enquanto o paciente estava em tratamento com colestiramina.

A colestiramina pode interferir na farmacocinética de medicamentos que sofrem a recirculação êntero-hepática, como estrógenos, por exemplo.

Colestiramina: Precauções

Antes de se iniciar o tratamento com colestiramina, devem-se investigar e tratar especificamente doenças que levem ao aumento dos níveis séricos de colesterol, como hipotireoidismo , diabetes mellitus, síndrome nefrótica, desproteinemias e doença hepática obstrutiva.

Adicionalmente, antes do início da terapia com colestiramina, deve-se tentar controlar o colesterol sérico mediante dieta apropriada, redução de peso e tratamento de eventuais distúrbios subjacentes que possam ser a causa da hipercolesterolemia.

Os níveis séricos de colesterol deverão ser determinados frequentemente durante os meses iniciais da terapia e, em seguida, periodicamente.

A redução docolesterol deverá ocorrer durante o primeiro mês de tratamento com colestiramina. Continuar a terapia para manter a redução do colesterol.

Os níveis séricos de triglicérides deverão ser medidos periodicamente para se detectar a ocorrência ou não de alterações significativas.

Por sequestrar ácidos biliares, a resina colestiramina pode interferir com a absorção normal de gorduras quando dada em altas doses (24 g diariamente).

Em tais doses, a colestiramina pode impedir a absorção de vitaminas lipossolúveis, como as vitaminas A, D e K. Sendo assim, quando da administração de colestiramina em altas doses e por longos períodos de tempo, deverá ser considerada a suplementação diária de vitaminas A, D e K.

O uso crônico da resina colestiramina pode estar associado à maior tendência ao sangramento devido à hipoprotrombinemia associada à deficiência de vitamina K.

Normalmente, este quadro responde de imediato à administração parenteral desta vitamina; recorrências podem ser prevenidas pela administração oral da vitamina K

Relata-se redução do folato sérico ou do folato dos eritrócitos, portanto a suplementação de ácido fólico deve ser considerada nestes casos.

Uma vez que a resina colestiramina pode ligar-se a outros medicamentos administrados concomitantemente, o intervalo entre a administração da resina colestiramina e de outras medicações deve ser o quanto maior for possível.

Os pacientes devem ingerir outras medicações pelo menos 1 hora antes ou de 4 a 6 horas após a administração de colestiramina para que se evite o impedimento da absorção destes medicamentos.

Existe a possibilidade de que o uso prolongado da resina colestiramina em altas doses possa produzir acidose hiperclorêmica, por se tratar de uma resina de troca aniônica na forma de cloreto, o que tende a ocorrer principalmente em pacientes mais jovens e menores, onde a dose relativa pode ser maior.

A resina colestiramina pode produzir ou agravar a constipação preexistente ou condições relacionadas, como hemorróidas. Em pacientes constipados, a dose de resina colestiramina deverá ser diminuída, pois poderá produzir impactação.

Em pacientes com sintomas clínicos de doença arterial coronariana (DAC), onde o endurecimento das fezes deverá ser evitado, a dose de colestiramina deverá ser titulada para prevenir a constipação.

Os níveis séricos de colesterol devem ser determinados frequentemente durante os meses iniciais de terapia e, em seguida, periodicamente.

Os níveis séricos de triglicérides devem ser medidos periodicamente para se detectar a ocorrência, ou não, de alterações significativas.

Em estudos realizados em ratos nos quais a resina colestiramina foi utilizada como uma ferramenta para investigar o papel de vários fatores intestinais, como gorduras, sais biliares e flora microbiana, no desenvolvimento de tumores intestinais induzidos por agentes cancerígenos potentes, observou-se que a incidência de tumores foi maior em ratos tratatos com a resina colestiramina do que no grupo controle.

A relevância desta observação laboratorial de estudos em ratos para o uso clínico do colestiramina não é conhecida. No estudo LRC-CPPT ( Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial ) referido no item " Ação do colestiramina " a incidência total de neoplasias fatais e não fatais foi similar nos dois grupos de tratamento.

Quando as diferentes categorias de tumores são avaliadas, diversos tipos de tumores do sistema digestivo foram um pouco mais prevalentes no grupo colestiramina comparado ao grupo controle.

Um pequeno número e as múltiplas categorias impedem que conclusões sejam feitas. Entretanto, tendo em vista o fato de que a resina colestiramina se limita ao trato gastrointestinal e não é absorvida, e frente aos resultados do estudos de carcinogenicidade em ratos, um acompanhamento pós estudo de 6 anos da população de pacientes do estudo LRC-CPPT que foi completado (um total de 13,4 anos de estudos clínicos e acompanhamento pós estudo) e nenhuma diferença significativa foi revelada na incidência de mortalidade causa-específica ou morbidade por câncer , quando comparado pacientes tratados com colestiramina e placebo.

Por não ser absorvido sistemicamente, não se espera que colestiramina possa causar algum dano fetal quando administrado durante a gravidez nas doses recomendadas.

Não há estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas e a conhecida interferência na absorção de vitaminas lipossolúveis pode ser deletéria, mesmo em presença de suplementação.

Categoria de risco na gravidez: C Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista.

Deve-se administrar colestiramina com cautela a mulheres que estejam amamentando, a possibilidade de ocorrer carência de vitaminas na mãe pode ter efeito sobre o lactente.

Na diarreia aguda do lactente, a terapia essencial é a rápida reidratação, adotando-se a clássica solução para a reidratação oral da Organização Mundial de Saúde (SRO-OMS).

A experiência em crianças e recém-nascidos é limitada.

Os efeitos da administração prolongada, assim como a manutenção de níveis diminuídos de colesterol em pacientes pediátricos, ainda não são conhecidos.

Não indicado na diarreia aguda ou persistente da criança.

Atenção: contém fenilalanina.

Colestiramina contém aspartamo que proporciona o equivalente a 16,8 mg de fenilalanina por envelope.

Colestiramina: Ação da substância no organismo

Resultados de eficácia

Em um grande estudo, multicêntrico, placebo-controlado, LRC-CPPT ( Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial ), que analisou 3.806 homens com idades entre 35 e 59 anos apresentando níveis séricos de colesterol de 265 mg/100 mL ou mais, a combinação de colestiramina e uma dieta pobre em colesterol diminuiu a taxa de eventos cardíacos fatais em 24% e a de eventos cardíacos não-fatais em 19%, em relação à dieta isolada, durante o período de observação, de 7 a 10 anos.

Além disso, os pacientes que receberam colestiramina não demonstraram efeitos colaterais debilitantes; as únicas queixas foram constipação, azia, náusea e inchaço.

Em estudos randomizados e controlados a arteriografia em pacientes hiperlipidêmicos com doença da artéria coronária, tratados com colestiramina e dietoterapia, mostraram regressão das lesões ateroscleróticas.

Características farmacológicas

Propriedades Farmacodinâmicas

O colesterol é um dos principais, se não o único precursor dos ácidos biliares. Durante a digestão normal, os ácidos biliares são secretados pela bílis do fígado e da vesícula biliar para o intestino delgado.

Os ácidos biliares emulsionam a gordura e os materiais lipídicos presentes em alimentos, facilitando assim a absorção.

A maior parte dos ácidos biliares secretados são reabsorvidos no íleo e devolvidos através da veia portal para o fígado, completando assim o ciclo entero-hepático.

Apenas quantidades muito pequenas de ácidos biliares são encontrados no soro normal.

A colestiramina é uma resina que adsorve e combina-se aos ácidos biliares do intestino para formar um complexo insolúvel que é excretado nas fezes. Isso resulta em uma contínua, embora parcial, remoção de ácidos biliares a partir da circulação entero-hepática, impedindo a sua reabsorção.

O aumento da perda fecal de ácidos biliares leva a um aumento da oxidação do colesterol em ácidos biliares e à diminuição dos níveis séricos de colesterol e de lipoproteína de baixa densidade-colesterol.

Colestiramina é hidrofílica, mas não é solúvel em água, nem é hidrolisada pelas enzimas digestivas.

A colestiramina não é absorvida pelo trato intestinal. Como a colestiramina é uma resina de troca aniônica poderá ter uma forte afinidade por outros ânions além dos ácidos biliares.

Em pacientes com obstrução biliar parcial, a redução dos níveis séricos de ácidos biliares por colestiramina reduz o excesso de ácidos biliares depositado na pele resultando na diminuição do prurido.

Propriedades Farmacocinéticas

A resina colestiramina em não é absorvida do trato intestinal.